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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Crise económica e ciência económica

A crise, que começou por ser um longínquo pânico entre banqueiros apanhados nas suas próprias malhas, desceu à terra onde destruiu milhões de empregos; e está a atingir o dia a dia de todos, mesmo daqueles que até hoje tiveram a sorte de manterem o sustento. Tinha de ser assim? Respondem-nos que houve egoísmo, desprezo pelo risco, ganância. O que não nos dizem é que esse egoísmo e essa ganância resultaram da aplicação de velhos mitos, errados e perigosos, mas que muitos economistas continuam a propalar.

Um desses mitos diz que se cada pessoa só olhar aos seus interesses, o resultado é riqueza para todos. Outro diz que é impossível contrariar os preços do mercado: o que o mercado ditar, não se discute. A ciência económica tem sido uma base conceptual para o egoísmo e para a ganância sem freios. Muitos já o disseram e vão continuar a dize-lo sem que os economistas prestem atenção. E nem a crise actual os fez reflectir sobre os caminhos tortuosos por onde nos conduzem.

Foi Paul Samuelson quem, há uns 60 anos, criou as ferramentas analíticas hoje usadas pelos economistas. Essas ferramentas, por sua vez, deram uma falsa respeitabilidade matemática aos tais velhos mitos. Foi também Samuelson quem escavou o fosso que hoje separa a Economia das restantes Ciências Sociais. Num dos lados desse fosso, o homem é visto como uma abstracção matemática: um indivíduo racional e frio, apenas preocupado em maximizar a sua riqueza. No outro, ele é estudado como um todo complexo, capaz de paixões ou de actos reflectidos, de egoísmo ou de generosidade. Capaz até mesmo de indiferença perante as riquezas.

É esse fosso, é o facto de nenhuma das partes aceitar as ferramentas e os métodos da outra, que está na origem da crise económica actual. Veja-se a noção de risco dos mercados, onde os economistas se limitam a descrever o que se pode pôr em equação: o risco médio, o retorno médio. Ora o risco que realmente importa não é uma média. É aquele que hoje sentimos na pele: o risco do descalabro repentino. Mas desse a ciência económica tem pouco a dizer porque a confiança ou o pânico dos investidores não cabem em equações. E como não cabem, fez-se de conta que não existem.

A elegância analítica dos raciocínios matemáticos, quando usada sozinha, deixa de fora a realidade. Apesar de tantos economistas, desde os tempos de Herbert Simon até hoje, reconhecerem esse facto, os mercados continuam a ser governados por equações: tudo o que a matemática permitir está autorizado.

Devia ser ao contrário. Devia proibir-se, nos mercados, tudo o que não fosse expressamente autorizado. As bombas atómicas também são governadas por equações. Mas ninguém se lembra de as deixar entregues a si mesmas, como se deixam hoje os mercados. E os físicos, ao menos, sabem explicar porque razão uma bomba explode.

5 comentários:

Anónimo disse...

Depois da leitura do texto acima transcrito, afirmo que na minha opinião é um texto bem escrito e seu conteudo é notável.
Todavia, salienta que a culpa da crise económica é dos economistas, pois eles alimentam-se de velhos mitos e o facto de nenhuma das partes aceitar as ferramentas e os métodos da outra, sendo individuos racionais e frios, apenas preocupado em maximizar a sua riqueza.
Em grande parte concordo com o texto,porém a crise não é criada só pelos economistas, mas por todos aqueles que em vez de porém em prática só esperam pelos outros que seja feito. Mas também é certo que alguns economistas são culpados por apresentarem frequentemente ao público uma versão da ciência económica que ignora algumas das suas mais importantes lições.
Concluo assim, que temos que reflectir melhor sobre os caminhos tortuosos por onde nos conduzem.
Ana Caravana, 42535

ooooo disse...

Boas Professor Trigueiros

Concordo plenamente com o seu raciocínio,num entanto gostaria de dar o meu parecer sobre este assunto tão pertinente. A verdade é que por mais se procure uma justificação, penso que não existirá uma resposta correcta para responder a tamanha crise! Se voltarmos ao passado podemos notar que também já houve muitas crises,piores ou iguais a esta,todas elas ultrapassada de uma pior maneira ou de uma maneira não tão dolorosa.Na minha opinião o que eu gostaria de realçar nesta crise actual é que esta foi originada por uma ferramenta que o próprio homem inventou (especulação) para saciar a sua ganância de dinheiro.Se bem me lembro um grande exemplo disso foi a 2 anos atrás quando Lehman Brothers, um então um colosso mundial na área da banca até a data, não conseguia pagar a factura de todos os produtos que tinha vendido durante anos a fio,por estes, estarem intoxicados, criação de valor que não existia (especulação).A meu ver se não fosse esta nova ferramenta "especulação" usada pelos especuladores de mercados talvez esta crise não existiria.
A grande pergunta é será que tudo isto faz parte dum ciclo que estará predestinado acontecer de X em X anos ou será também pela sede consumista que o homem têm para obter aquilo que não esta a sua altura,será dos economistas,será do mercado,será culpa dos grandes mitos !? Qual será a resposta correcta...a verdade é que ninguém consegue estar a altura de tal resposta.Esta é minha forte convicção e que este erro sirva de lição para muitos.

Dietmar Luz - 43216
Turma A

alancada disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
alancada disse...

Concordo com o que é dito no texto. Esta crise, que afecta todos, advém de pressupostos de uma parte dos teóricos da ciência económica que não tiveram em conta diversos factores e que, como diz, mostram ganância e arrogância – definindo depois esses defeitos como virtudes e como fórmulas do sucesso.

A realidade encarregou-se de mostrar que Samuelson e os seus pares estavam enganados e que o egoísmo e ganância, perante a ausência de controlo e regulamentação são muito perigosos. O mundo aprendeu isso da pior forma e hoje, num mundo globalizado, é totalmente irresponsável, por exemplo, um país com ampla influência global achar-se no direito de gerir esta situação como quer, sem ter em conta os outros países. As fronteiras da economia estão mais abertas e não se restringem aos âmbitos nacionais, como no passado. Penso por isso que haviam de haver mais regras comuns a toda a economia global. Caso contrário, as crises futuras podem tornar-se ainda mais frequentes e dar origem a acontecimentos imprevisíveis.

Daniel Almeida
1º ano - turma B
no. 42547

Simpatica disse...

No meu ponto de vista este texto abrange vários factores que provocaram a crise económica.
Os bancários deram crédito as pessoas com o passar do tempo as pessoas não conseguiram pagar.
Exemplo: Em EUA os bancos deram créditos as pessoas para comprarem a casa com o passar do tempo e devido vários factores as pessoas não conseguiam pagar o crédito com isto o banco tomou as casas.
A casa desvalorizou o banco tinha muitas casas para vender e não havia comprador, com isto muitos clientes queriam levantar o seu dinheiro no banco e o banco não tinha liquidez suficiente o estado teve que enjeitar dinheiro no banco.
Os economistas que pensam ser ”sábios “ contribuíram directamente para essa crise visto que eles fizeram uma previsão totalmente errada, e andam a basear-se na teoria antigas, enquanto um bom gestor sabe que “ o que hoje é verdade amanha poderá ser mentira”.
Um bom gestor deve prever o futuro saber como ganhar o dinheiro, inovar, fazer diferente, enquanto os economistas baseiam-se sempre nas ciências económicas, nos mitos da economia e andam a cometer erros em cima de erros, depois não sabem como explicar esses erros.
E quando falamos do mercado, esse famoso mercado que nos dependemos dele, que e comandado por grandes potencias, por uma elite.
Seguimos esse mercado invisível como seguimos um deus, com isto esse mercado juntamente com economista está a nos levar para um buraco sem saída.
Obrigado pela oportunidade de expor a minha ideia.

Asmiralda Trindade
GE
Turma A
Nº 42805