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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Vem aí a concentração universitária

O mérito e interesse da Universidade do Algarve não está em ser muito boa numa especialidade qualquer. Está em servir a região, abrindo a muitos a possibilidade de estudarem, de enveredarem pelos estudos superiores. Os cursos que mais têm feito pelo Algarve são aqueles com procura, quer por parte de estudantes quer de empregadores (empresas). Esses sim, são cursos que transformam o Algarve.

A valia de uma instituição está no serviço real que presta à comunidade, não em vistosos galões que não servem senão uns poucos. A Universidade do Algarve transformou a nossa região; mas se passar a ser exclusiva de uns poucos de cientistas, então deixa de ser útil.

Um economista, professor em Lisboa, escreveu no “Jornal de Negócios” a pedir a concentração universitária. Ele quer que as universidades regionais como a nossa se limitem a cultivar especialidades para as quais estejam vocacionadas. No Algarve, Turismo. Os alunos interessados em outros cursos iam para Lisboa ou para o Porto. A ideia está a ganhar adeptos e o artigo foi já reproduzido num diário de grande difusão.

O economista explica que afastar os jovens do lar é bom para o seu desenvolvimento e acrescenta que nos grandes centros aprende-se melhor. A concentração de alunos traria economias de escala pois a ineficiência do ensino superior vem, segundo ele, de turmas com poucos alunos. E termina revelando que os governantes querem esta concentração mas têm timidez em actuar.

Parece tão fácil! Mandam-se os jovens para longe. E quem paga o alojamento, a alimentação? Dei aulas a centenas de alunos daqui. Posso garantir que, se a universidade do Algarve fosse reduzida a Turismo, bastantes desses jovens ficavam sem licenciatura pois a família não tinha posses para os manter fora do lar e, por outro lado, de turismo já andam eles fartos.

Há gente tão instalada que perdeu a sensibilidade para os outros, para as dificuldades dos outros. Mandar os jovens para fora é bom; mas é para quem pode. O autor do artigo dirige-se à burguesia que lê o “Jornal de Negócios”, não a nós. Mas como tal burguesia raramente manda os filhos para universidades regionais, vê-se que o recado é para outros: o governo, deputados, opinião pública. Ele quer, como diz, sacudir-lhes a timidez ou, para ser mais preciso, quer fornecer-lhes pretextos económicos para mais um atropelo contra as regiões.

A mania actual de concentrar recursos em Lisboa lembra a revolução industrial, quando milhões de infelizes eram trazidos para os centros urbanos. Também aí o pretexto era obter economias de escala; mas hoje sabe-se que foi um erro e custou caro. Não aprendemos?

4 comentários:

Ivanna disse...

Boa Tarde Prf.Duarte
Em relação a este artigo o Professor tocou em vários pontos essencialmente importantes e interessantes para discutir.
As universidades são as estruturas base na formação do indivíduo, garantindo a construção do seu futuro. Claro que a Univ.do Algarve mostra o seu potencial e capacidade de oferecer e formar excelentes pessoas em diversas áreas, atribuindo uma boa percentagem do emprego no futuro. No entanto quero mencionar que a Universidade Algarvia deveria estender a área da oferta dos cursos, não podemos apostar apenas nas áreas que sofrem o "dictat" da procura por parte dos empregadores e estudantes. O êxito do desenvolvimento regional está na base de formação, pois para que este elevasse o ensino superior deveria apostar mais na sua qualidade e diversidade formativa mais atractiva ( que falta tanto no Algarve).Assim possibilitava a juventude mudar o pensamento de dirigir-se para a região mais dominante (ex:Lisbõa), contribuindo assim de forma muito positiva para o não esvaziamento intelectual/juvenil do Algarve.
A utilidade Universitária é a sua diversidade formativa. Discordando de forma mais arrogante as palavras do professor economista de Lisboa, posso justificar a sua atitude. A saída da juventude de casa, para adquirir a formação desejada depende sempre da situação financeira das famílias, e estas nem sempre podem sustenta-los fora de casa (principalmente durante esta crise financeira, muitos parentes familiares de classe “proletária” ficaram desempregados).Não podemos ser adeptos aos similares discursos que incentiva ao vivência dos erros passados, tomamos como o exemplo a Revolução industrial portuguesa (sabemos que ocorreu num curto prazo e foi pouco eficiente). A concentração excedentária populacional nos Megalópoles não elevou o poder económico do país, pois a vida duma classe predominantemente proletária governada pela burguesia, desejava o melhor.
O Portugal não aprendeu a lição e pelos vistos pretende repetir as ocorrências do passado.
Tem que se apostar para o futuro dos jovens, somos geradores da economia futura, para elevar o país tem que se começar a reestruturação das ofertas universitárias nas regiões( especialmente Algarve),para que sejam mais acessíveis e abrangentemente possível , sem os especializar num único ramo , no sentido de " faz aquilo que sabes fazer melhor".


Ivanna Zincuk
43056
Economia,A-1ºCiclo

a41764 disse...

A mim tocou-me especialmente este tema. Acho esta ideia da concentração de alunos ineficiente.
O mesmo se passou com o ensino primário, em que este ano, foram encerradas centenas de escolas primárias no interior do país, encaminhando-se as crianças para novos centros escolares.

É na educação, principalmente, que se deve apostar, e acho que este assunto não está a ser tratado com devida importância. O Governo apenas se importa com os números e as estatísticas, que posteriormente são enviadas para a UE, de modo, a dar a entender a imagem de que somos um país muito desenvolvido, mas isso faz esquecer o que é fundamental para o futuro dos jovens, a EDUCAÇÃO; a aprendizagem.

Em relação a esta concentração universitária acho uma atitude atroz. Eu, pessoalmente, acho que nunca optaria por ir estudar para Lisboa. Aliás, neste ano de escolha de universidade, Lisboa nunca foi uma das minhas primeiras opções; e essa decisão não surgiu devido à nota de ingresso. Acho que, muita gente pensa que o Algarve é o "acolhedor" dos alunos que não têm médias altas, mas creio que hajam muitas excepções.

Acredito que "estudar para fora" é muito bom. Ganha-se experiência, cria-se independência, e desenvolve-se uma série de ferramentas necessárias para o aperfeiçoamento do individuo, enquanto pessoa. Porém, acho que só deverá ir estudar para fora, quem assim o deseja. O facto de cultivarem especialidades em certas regiões é quase um acto que considero discriminatório. Como o Srº Professor referiu, há muitos jovens que, se essa situação se verificasse, acabariam de ficar sem licenciatura, ou então matricular-se-iam para um curso que não seria do agrado dos mesmos, o que iria provocar desmotivação nos alunos. Acho que a Universidade do Algarve tem um leque bastante alargado de opções. Não tanto, como em Lisboa ou no Porto, talvez, mas devido aos diversos campus e faculdades, engloba praticamente todas as áreas, como é o caso de Saúde, Ciências, Educação, Economia, etc.

A diversidade é algo muito importante, ainda para mais nos dias de hoje, e se se verificasse essa dita concentração universitária, o relacionamento dos alunos de vários cursos desapareceria, o que também é mau, pois creio que os alunos necessitam de saber lidar com todo o tipo de pessoas.

Inês Ricardo, nº41764
Gestão de Empresas, B
1ºciclo

Bernardo Sousa disse...

Sem duvida a ideia de ter uma “concentração universitária” segundo as regiões e as suas, supostas, necessidades é tremendamente estúpido. Implicar que uma região só tem necessidade de X e nunca de Y torna esta região algo débil, afinal em todas as regiões existem hospitais, fabricas, bancos e afins. Dizer que a região do Algarve só precisa de pessoas vocacionadas para o turismo é ridículo.

Depois vem implicada a ideia que longe de casa “é que se aprende”. Sem duvida que sair de casa implica muito trabalho mas ajuda e muito para o desenvolvimento do dito adolescente em algo mais do que isso. Mas o parâmetro das possibilidades dos seus pais limita sempre o estudo. Mandar um aluno que tenha os seus pais com rendimento mínimo para Lisboa sem qualquer background é como entrar num campo de minas em que sabemos que eventualmente se vai pisar uma. Eu sou o caso inverso do que é dito pelo Professor mencionado, venho de um “centro social” para a região do Algarve e não vejo de que forma fui prejudicado.

Basicamente, a tentativa de concentração dos estudantes consoante as “necessidades” da dita região é uma ideia infeliz e que a sua capacidade de realização é diminuta devidos aos factores adjacentes a cada aluno.

Bernardo Sousa

Nº42513 Turma A

Economia 1ºCiclo

Ricardo disse...

Boa tarde Sr. Professor. Votei no seu artigo como fantástico e interessante, porque a sua critica esta fantástica. Deixe-me dizer-lhe que, como é óbvio, concordo plenamente consigo, já que eu sou um desses alunos que gostaria de ter ido estudar para fora de Faro. Gostava de ter ido para Lisboa, que na verdade foi onde nasci e vivi 10 anos, mas os meus pais também não tiveram, nem têm possibilidades para o fazer. Queria ter entrado em Gestão no ISCTE, porque tenho a perfeita noção de que a visibilidade de um curso no ISCTE é muito superior à de qualquer outra Universidade (falando claro, do mesmo curso) podemos claro falar da Universidade Nova ou a católica, mas como sabemos também são EM LISBOA. Neste momento estudo na FEUALG e estou adorar o curso de Gestão de Empresas.
Em relação a esta concentração/especialização das Universidades em formar os alunos de acordo com as necessidades da região onde vivem, é uma ideia absurda!! Creio que se esta for para frente, então teremos muitos jovens estudantes universitários a desistir dos seus sonhos e da sua formação superior, e eu posso ser um deles, porque não teria possibilidades para me matricular noutra Universidade fora do Algarve já que a Ualg só teria o curso de Turismo.
Penso que a Ualg está de parabéns, apesar de ter ainda falta de alguns cursos para oferecer jovens estudantes, mas os que existem são bons, e devemos apostar cada vez mais nestes e noutros que possam "agarrar" os jovens à sua terra.